quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Metaverso na Educação? Ainda não...

 2022 foi o ano do "metaverso"!

Há muita referência para quem quer se aprofundar sobre o tema, mas de forma simplificada, o metaverso é um ambiente criado como uma extensão do mundo físico dentro do ciberespaço. Esse conceito não é novo, inclusive estou usando a definição que adotei lá na minha dissertação de mestrado, de 2012! E preciso confessar que já naquela época eu era um entusiasta dessa realidade que muita gente anda desenhando nos últimos meses, principalmente desde a entrada de Mark Zuckerberg no meio. Cabe dizer, claro, que o próprio conceito de metaverso evoluiu e hoje precisa ser revisitado. 😌

Bem, depois de perder alguns BILHÕES, Mark nos mostrou que estamos longe de viver em um mundo em que dispositivos de realidade virtual e aumentada são parte do nosso cotidiano. E se não chegou na minha sala de estar, dificilmente vai chegar na minha sala de aula, vamos combinar! A adoção de vídeos, de computadores e smartphones, por exemplo, como recursos didáticos só foi possível quando eles se tornaram acessíveis (tanto para aquisição, quanto para facilidade de uso).

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Mas mesmo quando isso ocorre, eu ainda entendo que há outras variáveis que ajudam a criar um cenário propício para o uso de determinado recurso no contexto educacional. Por exemplo, eu hoje entendo que lousas interativas são recursos superestimados. E olha que eu já ministrei capacitação sobre o seu uso em sala de aula. Mas, sinceramente, acho uma péssima ideia adotar uma lousa digital em sala de aula. Geralmente só dá aquela impressão de que estamos num ambiente inovador...mas a relação custo-benefício é péssima! Depois de todo o debate sobre o metaverso tenho feito a mesma reflexão. O metaverso é a lousa interativa da vez!

Não quero ser pessimista, mas como alguém que desde 2012 tem acompanhado esse debate, não posso deixar de alertar os colegas entusiastas. O debate sempre será válido, e particularmente acho que ainda dá pra nos debruçarmos sobre o potencial dos mundos virtuais tridimensionais como ambientes de aprendizagem. Mas aí estou falando do Second Life (que foi o meu objeto de estudo, e ainda existe hoje...contrariando as previsões de muitos 😊), do Minecraft, do ROBLOX, ou qualquer outro...

Se você já usou aqueles cardboards de papelão com smartphone já sabe que a tentativa de tornar o recurso acessível financeiramente, acabava por não viabilizar uma experiência realmente rica na prática (e com usabilidade tendendo a zero!). Eu priorizaria outras vivências educativas...dentre as trocentas que temos à nossa disposição...

A sua instituição tem dinheiro pra gastar? Cabe pensar e repensar nas melhores soluções considerando quantos alunos e alunas serão impactados, quantas são as formas de usar o recurso, como será a manutenção, etc. Pense como um gestor nessa hora! Mas não como aqueles que querem só "maquiar" a escola, claro!

Pois é isso. Passei o ano pensando em fazer essa postagem e só pude fazê-la agora. Pensei até que minha opinião iria mudar. Mas não!

Eu esqueceria o metaverso em 2023...e nos próximos 10 anos, provavelmente...Mas a moda vai voltar, né?! Paciência. Só não podemos esquecer que temos demandas mais urgentes a resolver. E boa parte das soluções virá do mundo físico, com olho no olho, com a mão na massa, com experiências multissensoriais.

Feliz Ano Novo!


2 comentários:

LEILA disse...

Parabéns professor, seus posts e contribuições nos auxiliam nas reflexões e práxis.
Continuarei a aprender e compartilhar... Obrigada

Anônimo disse...

Extraordinário, concordo com você, professor. Estamos precisando aprender a humanizar mais e, para isso, valorizarmos os recursos que dispomos em cada realidade. Parabéns!